Pacientes correm risco de morrer por falta de anestésicos no Walfredo
Publicação: 12/01/2012 07:36
Atualização:

Erta Souza - Diário de Natal
Pacientes
correm o risco de morrer no Hospital Walfredo Gurgel por falta de
anestésicos. Falta desde a substância anestésica comum usada para
realizar procedimentos simples até as mais completas, utilizadas em
cirurgia geral, segundo denúncia de médicos que atuam na unidade, que
reclamam do que chamam de "desabastecimento completo". Em contato com a
reportagem, o secretário estadual de saúde, Domício Arruda, admitiu a
falta de alguns tipos de anestésicos, mas disse que o problema seria
solucionado ainda ontem com a transferência das substâncias do estoque
de outras unidades.
A principal justificativa para a falta de
materiais na unidade está na dívida na ordem de R$ 50 milhões não pagos a
empresas fornecedoras, referente a alguns meses de 2010. Sem pagamento,
não há material. Segundo Domício, do ano passado ficou apenas o mês de
dezembro para ser pago em 2012, com a abertura do orçamento prevista
para 15 de fevereiro. A reportagem apurou no hospital a inadimplência da
Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) junto às empresas
responsáveis pelo fornecimento dos materiais e substâncias usadas nos
procedimentos hospitalares.
O secretário admitiu, ainda, que o
repasse da secretaria para o hospital, relativo a dezembro, está em
atraso. O dinheiro, cerca de R$ 1 milhão, é utilizado também em compras
emergenciais. "O repasse de dezembro será pago com a abertura do
orçamento em fevereiro", diz o secretário. A ausência dos anestésicos
também tem ocorrido, segundo Domício, devido ao aumento da demanda no
hospital em dezembro e início de janeiro por causa da greve dos
profissionais que integram a Cooperativa dos Médicos do Rio Grande do
Norte (Coopmed/RN) e paralisaram suas atividades no dia 1º de dezembro
de 2011.
Tomografia
Além dos anestésicos, o chefe do setor
de neurocirurgia do Walfredo, Luciano Araújo, garante que faltam também
os filmes usados para revelar tomografia, exame essencial no pré e
pós-operatório dos procedimentos neurológicos. "Anestesia é
imprenscindível emum hospital, principalmente no maior do estado. O
estado de saúde de muitos pacientes pode se complicar ainda mais se os
anestésicos não forem adquiridos logo, inclusive alguns correm risco de
morrer ou ficar com sequelas irreversíveis", apela o médico.
Na
análise de Luciano Araújo, caso ocorra no estado nos próximos dias um
acidente de sérias proporções, a equipe terá dificuldade em atender os
pacientes porque o hospital está completamente desabastecido. "Nunca vi
uma situação dessa aqui no Walfredo", complementa o médico que atua na
unidade desde que o hospital foi criado no início da década de 1970. O
médico garante que os setores de cirurgia geral, neurocirurgia e
ortopedia são os mais deficitários do hospital porque recebem toda a
demanda do estado.